segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A "Organização"

“Este arranque é normal. Vamos cumprindo com a vontade de ganhar. É mais demérito dos outros que se calhar não têm a sua organização tão forte."
 
Villas-Boas tem razão. É um arranque normal para os corruptos. Começam titubeantes mas os árbitros não deixam que eles percam, como se viu contra o Nacional e contra o Rio Ave. Entretanto, ao Benfica vai-se dando o tratamento contrário. Os jogadores da Agremiação Corrupta de Contumil (ACC) vão ganhando confiança na directa proporção em que os do Benfica a perdem.


A "Organização" é tão eficiente que até juízes vêm comer à mão do "gerente da caixa" e decidem casos de poder paternal a favor dos seus funcionários em troca de bilhetes para o estádio do Ladrão.  E funcionários do SEF facilitam processos de autorização de permanência no país para familiares de funcionários do ACC em troca de camisolas azuis e brancas.

A "Organização" é tão eficiente que outro juiz, António Mortágua (ex-Comissão Disciplinar e ex-Conselho de Justiça), colocado no Comité de Apelo da UEFA, influencia de forma favorável ao ACC uma decisão desse tribunal e é simultaneamente testemunha de defesa do "gerente da caixa" nos tribunais civis portugueses.


A "Organização" é tão competente que até os ex-médicos do clube (Domingos Gomes Dias) lideram grupos de oficiais de controle Anti-Doping da UEFA que fazem visitas surpresa aos rivais em vésperas de jogos entre ambos.

A "Organização" é tão fiável, que pode transformar um jogo de futebol numa guerra, incitar continuamente à violência, ano após ano, sem consequências, porque controla directamente o Conselho de Disciplina, e mais importante ainda, o Conselho de Justiça da Federação, e sabe que pode agir como bem entender porque todos os crimes ficarão impunes. 


Não, o Benfica nunca terá uma "Organização" tão forte. Pelo menos é o que espero. É que ver "O Padrinho" no cinema é interessante, mas ver actuar impunemente uma organização mafiosa no meu país é assustador.


Mas esta direcção já teve tempo mais que suficiente para aprender a defender-se da máfia. Não podemos continuar em silêncio enquanto outros manobram à vontade. Este ano, como "é normal", o ACC decide o campeonato à décima jornada e fica livre para se preocupar com a Europa, enquanto os outros lutam pelas migalhas. E ou muito me engano ou ainda temos muitos frangos que virar para chegar ao fim em segundo...

O "gerente da caixa" disse-o há muito tempo a Erikson: "isto não é um jogo, isto é uma guerra". Mas nós continuamos a achar que é só um jogo. Quando um país declara guerra a outro, o outro não tem outro remédio que não seja defender-se. Mas nós continuamos a responder à agressão com a diplomacia, enquanto o auto-intitulado inimigo vai pilhando à vontade. Enquanto assim for não podemos esperar mais que a derrota.



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