Durante meses, o FCP e o Braga fizeram um ataque cerrado à Comissão Disciplinar da Liga por causa dos castigos a Hulk, Sapunaru e Vandinho. A pressão exercida sobre a Liga e os seus dirigentes foi tanta que Hermínio Loureiro se sentiu forçado a demitir.
Durante meses, os comentadores afectos ao FCP e ao Sporting alinharam no discurso de demonização de Ricardo Costa, insinuando o alinhamento deste com o Benfica só porque a Comissão Disciplinar, numa decisão unânime dos seus membros, decidiu castigar os jogadores com penas que até ficaram abaixo do mínimo que a moldura legal exigia.
O FCP arrolou os "especialistas" em direito desportivo do costume, o Prof. Dr. Leal Amado e o Dr. José Manuel Meirim (este último sempre pronto a ir à televisão como comentador independente de assuntos de justiça desportiva para, invariavelmente, defender as teses do Porto). E estes "especialistas" do costume escreveram pareceres em que defendiam as teses do FCP.
Enquanto na TV os comentadores afectos ao FCP e ao Sporting faziam discursos inflamados sobre o "absurdo" das decisões da CD, os pareceres dos "especialistas" chegavam ao Conselho de Justiça da Federação. Este Conselho de Justiça (onde, lembremos, o FCP nunca perdeu nenhum recurso) acabaria por confirmar todos os factos provados na instrução do processo (as agressões aos stewards por parte de Hulk e Sapunaru e as agressões de Vandinho ao membro da equipa técnica do Benfica) MAS incrivelmente reduziria a pena por concordar com as teses do FCP: Os stewards portugueses, ao contrário dos do resto do mundo, não eram agentes desportivos. Os stewards portugueses estavam abaixo dos polícias, maqueiros, bombeiros, representante da protecção civil, apanha-bolas e repórteres. Eram simples público.
Agora que o Presidente da Liga de Clubes é um portista assumido, e que a primeira coisa que fez ao chegar foi reconduzir todos os órgãos da Liga EXCEPTO O CD, o Porto e o Braga avançam com propostas de alteração ao regulamento disciplinar que vão no sentido de considerar os stewards... AGENTES DESPORTIVOS. É o que noticia o DN.
Estou muito curioso para saber o que têm a dizer sobre isto os comentadores que andaram a fazer guerra a Ricardo Costa e a defender as teses da máfia. Contorcionistas profissionais da ética, estou certo que arranjarão os argumentos mais hilariantes para dar o dito por não dito e justificar o injustificável. Mal posso esperar pela próxima intervenção do Rui "Goebbels" Moreira.
Também me enche de curiosidade saber como é que o novo Conselho de Disciplina vai interpretar os novos regulamentos. É que, fazendo fé no DN, as penas são estranhamente (ou talvez não) latas:
Os castigos aos jogadores "por agressões a outros jogadores - passam de 1 a 5 jogos para de1 a 10 jogos - e por agressão recíproca entre jogadores - passam de 1 a 5 jogos para de 1 a 8 jogos. Por sua vez, a agressão a espectadores passa de uma suspensão de um a quatro jogos para de 1 a 10 jogos."
Ou seja, o castigo máximo aumenta mas o mínimo mantem-se inalterado. Isto vai deixar espaço à "interpretação" dos juízes do CD e do CJ e o peso do castigo vai depender (está-se mesmo a ver, não está?) da cor da camisola.
Os jogadores do Glorioso que se preparem para uma época ainda mais difícil que a transacta. As minas e armadilhas começaram a ser colocadas. Exige-se arte e engenho para escapar delas.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
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