quinta-feira, 11 de março de 2010

Na luta com fervor




Há exactamente um mês que não postava. A última vez que o fiz foi para comentar a nossa vitória "dranquila" sobre o zbordeng por 1-4.
Desde então algumas coisas mudaram. O zbordeng começou a ganhar jogos e a marcar golos. O clube castigado por corromper árbitros começou a tropeçar e chegou ao cúmulo de empatar em casa com uma filial recheada de jogadores a quem paga o ordenado, e que é liderada por um treinador que é um símbolo da casa.
O Glorioso Benfica, esse, joga cada vez melhor. Talvez seja essa a razão para a minha pausa de um mês sem escrever aqui no blogue. O Benfica surpreende-me tanto que tenho que repensar algumas coisas e encaixar bem o que se está a passar.
Vamos lá ver se me consigo explicar: dizemos que uma equipa joga bem quando, em campo, produz o futebol que nós entendemos ser um bom futebol. Quer dizer, quando corresponde às nossas expectativas daquilo que pensamos ser uma boa execução dos princípios do jogo.
Mas o Benfica que eu vi no domingo passado na Catedral, e o que vi contra o Hertha, é uma equipa que já foi para além das minhas expectativas. É uma equipa que surpreende e mostra coisas que ninguém está à espera. É uma equipa criativa. Uma equipa que produz arte. (Continuo a abrir a boca de espanto quando vejo aquela jogada do Rúben Amorim rodando sobre si mesmo e, no acto, tirando 4 adversários da jogada!!!)

Mais: é uma equipa que joga com prazer e alegria e que transmite esse prazer e essa alegria para as bancadas. Dizem os mestres das artes marciais que o importante é o processo e não a conclusão. O importante é erguer o arco e esticar a corda da forma correcta, e não o acertar no alvo. Acontece que se fizermos bem o movimento temos mais probabilidades de acertar no alvo.
Um dos mais bem sucedidos jogadores (mais tarde treinador) da NBA tinha por princípio nunca falar aos seus jogadores da vitória mas sim de garantir que no final de cada jogo eles sentissem que tinham dado o melhor de si.
É assim que eu sinto este Benfica a jogar. Concentrado no processo, não no fim. Retirando prazer em fazer bem a cada momento do jogo, sabendo que inevitavelmente o resultado será favorável.

Há umas semanas, na Benfica TV, vi os resumos dos jogos da formação de futebol. Todos tinham ganho as respectivas partidas. O mais extraordinário foi ver os pequenos craques dos infantis, num jogo com Os Belenenses, a correr para a baliza depois de cada golo marcado, a apanhar a bola e correr para o centro do terreno para que o jogo recomeçasse o mais depressa possível. Mas não, não estavam a tentar dar a volta a um resultado. Estavam a ganhar por 5, 6, 7 golos a zero. E só pararam nos onze!!
Ah! Já que falamos da formação. É só para lembrar que vamos à frente em TODOS os escalões.

Há um espírito novo no Benfica e veio para ficar. Como há pouco dizia o Pedro Ferreira da Tertúlia, podemos não ganhar o título mas estamos seguros de que já ganhámos uma equipa. Eu diria mais: ganhámos um clube. Esse "clube lutador, que na luta COM FERVOR, nunca encontrou rival neste nosso Portugal".

Na foto: De Pé : Francisco Calado, Bastos, Ângelo, Serra, Alfredo e Pegado.
Agachados : Palmeiro Antunes, Zézinho, Águas, Salvador e Cavém. São os campeões nacionais de 1956-57. Reparem no olhar confiante, quase desafiante, de cada um deles. É a imagem de uma equipa indestrutível. Ainda nos falta um bocadinho para voltar a esta época de ouro. Confio que lá chegaremos, mas há um processo, um caminho a percorrer. Desfrutemos da viajem.



PS: A partir de hoje a equipa deste vosso blogue tem a honra de poder contar com uma colaboração de peso. Bem vindo,

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