A dada altura, António Pedro Vasconcelos mencionou o pacto entre Sporting e Porto feito nos anos 90 para afastar o Benfica das vitórias e distribuir entre ambos os títulos futuros. APV acrescentou que tinha com ele um recorte de jornal de uma entrevista a João Rocha, ex-presidente do Sporting, que se insurgiu em Conselho Leonino contra esse pacto (que considerava indigno) e que por isso teria sido expulso do dito Conselho Leonino (CL).
"- É falso! - responde prontamente Rui Oliveira e Costa.
- É falso?
- É falso que João Rocha tenha sido expulso de um CL. Ninguém pode ser expulso de um CL. Seria como expulsar um deputado da Assembleia da República! Isso não aconteceu nem poderia acontecer. Aliás, eu estava presente e posso dizer que havia argumentos diferentes sobre a estratégia a seguir e os argumentos do Dr. João Rocha foram derrotados. É tudo."
Fazendo o papel da virgem ofendida que tanto gosta de representar, Rui Oliveira e Costa desmentiu o acessório mas não desmentiu o essencial. E é este "essencial" que explica o silêncio do Sporting ao longo de todo o apito dourado e a postura dos seus dirigentes e comentadores que, alinhando pelo diapasão dos do Porto, não falam do conteúdo das escutas para se entreter nas circunstâncias da sua publicação.
Porquê? Porque o Sporting beneficiou do Sistema. Foi conivente com ele porque lhe permitia ficar à frente do Benfica (essencial para os seus adeptos) sem grandes investimentos no futebol e sem sujar as mãos no lodaçal da corrupção. Isso permitiu ao Sporting passar por entre as gotas sem se molhar quando o escândalo rebentou. Mas nota-se, sempre se notou, que o processo é doloroso, sobretudo para os mais leais ao Projecto Roquete.
Dir-me-ão que o Sistema foi denunciado por Dias da Cunha, presidente do Sporting. Sim, e eu pergunto: e o que é que aconteceu a Dias da Cunha? Pois...
Basta ver os debates na televisão para perceber essa aliança forjada há mais de 10 anos e renovada a cada nova época. Com os comentadores do SLB debaixo de fogo cruzado (e cerrado) do princípio ao fim de cada programa.
Mas se o Porto mostra alguns sinais de desespero e de inadaptação a uma competição em que as regras são iguais para todos, o Sporting está mais desesperado ainda. É que com a cedência ao FCP de toda a iniciativa no controle da Liga, o clube de Alvalade ganhou alguns títulos (as sobras do FCP), mas perdeu capacidade decisória. Perdeu, sobretudo, tempo precioso que devia ter sido empregue no fortalecimento do seu projecto desportivo.
Agora que o FCP assumiu a estratégia do salve-se quem puder, quem zelará pelos interesses do Sporting?
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